terça-feira, 5 de abril de 2011

Aulas de pintura feminina - Modernismo

Ah, passei minha vida toda apaixonada por artes, trabalhos sensíveis, mas minha grande paixão são as artes femininas.
Tudo começou quando vi pela primeira vez o Abaporu da Tarsila, assumo que hoje em dia nem me atrai tanto o estilo de Tarsila, mas ouvir da minha professora de arte que ela era uma pintora que procurava brasilidade e identidade própria, eu fiquei apaixonada. Na década de 20, mulher mal saía de casa, ela queria fazer algo próprio!

Abaporu de Tarsila do Amaral

Com ela, conheci Anita Malfatti, uma pintora muito mais depressiva que Tarsila, mas também muito talentosa. Eu ouso dizer que prefiro seus trabalhos ao trabalhos de Tarsila. Sua deficiência a tornava muito triste, Anita tinha atrofia na mão direita, fazendo-a se transformar em canhota, passando por dificuldades e preconceitos durante a juventude. Seu trabalho tem todo o peso de sua vida, sua depressão, suas dificuldades para começar a escrever e pintar, tudo inscrito em seus trabalhos. Talvez seja isso que me atraia tanto em suas pinturas.

A Estudante de Anita Malfatti

Mas o auge da minha paixão modernista foi definitivamente a pintora mexicana Frida Kahlo. Suas pinturas me trazem uma sensação de angústia e um desejo de abraçá-la tão forte que me fazem chorar. Sua poliomelite na infância foi apenas o início de sua vida cheia de cirurgias, doenças e acidentes. Frida era manca graças a doença, isso a fez usar apenas calças durante a juventude, depois começou a usar saias longas e lindas, diga-se de passagem. Com 18 anos Frida sofre um acidente grave, durante uma batida do bonde onde estava, um para-choque atravessou suas costas, saindo pela pélvis, ficando entre a vida e a morte. Depois desse acidente, Frida começa a pintar.
Seu sofrimento em relação ao uso de coletes ortopédicos, graças ao acidente que sofreu, são relatados em sua biografia e ela chegou a pintar alguns desses coletes. Mas seu maior sofrimento era o de não poder ter filhos, ela tentou várias vezes e teve vários abortos, também retratados em suas obras.
A força de seu trabalho vem de todas as suas infelicidades, suas inúmeras cirurgias para reconstrução da coluna, de seus relacionamentos amorosos complicados e infelizes e de suas tentativas frustradas de ser mãe. Após tantas tentativas de suicídios, não se sabe se sua morte foi ou não um suicídio.
As Duas Fridas de Frida Kahlo

Assumo uma paixão por seu trabalho graças a sua força de sentimentos, choro toda vez que vejo A Coluna Partida e As Duas Fridas. Não a considero surrealista, muito pelo contrário, não vejo sonhos em suas pinturas, vejo apenas autoretratos insatisfeitos.

Assumo que gosto de arte que me traga uma sensação de dor e infelicidade, o motivo eu não sei muito bem. Mas a depressão numa obra de arte me faz admirá-la mais que uma obra "feliz". E é isso que procuro nos artistas modernistas: Depressão, claro que com uma pitadinha de revolução.

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