sábado, 16 de abril de 2011

Hoje to meio sem vontade de fazer nada, minha sinusite tá me estressando demais da conta. Nessas horas eu gosto de ouvir músicas, e por algum motivo quero Bjork! Vim aqui pra compartilhar com vocês esse vídeo: Bjork - Pagan Poetry

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Princesa e o Sapo, mais do mesmo!

Animação 2D que traz de volta as princesas da Disney depois de muito tempo sem animações de princesas. A primeira princesa negra da Disney vem num clima de século 20 em Nova Orleans, numa animação musical com muitos blues e jazz. Outra diferença é que essa princesa não é princesa! Na verdade ela é uma garçonete, que usa roupas de sua amiga rica emprestadas num baile a fantasia, confundindo o príncipe, que se transformou em um sapo por causa de uma magia negra que fazem contra ele.

Alguns cliches muito comuns nas animações de princesas da disney, como o amor verdadeiro, o machismo e uma pontinha de xenofobia. E alguns dos lugares comuns da Disney em relação ao amor ser a única possibilidade de felicidade para uma mulher, ela nunca estará completa se não tiver um marido/companheiro ao seu lado, por isso a protagonista não poderia ser feliz só realizando seu sonho de ter um restaurante, precisaria lutar pelo seu amor.

O príncipe com um estilo bem malandro, tipo físico bem próximo latino americano, que toca uma viola que mais parece um cavaquinho, talvez uma paródia preconceituosa? Esse príncipe detesta trabalhar, quer vida boa e arrumar milhares de namoradas, até conhecer a princesa e se redimir, como todo mocinho de animação da Disney. Afinal, o amor nos transforma, não existe motivos para alguém que ama de verdade ter um caráter duvidoso, vilões, inclusive, não amam nunca!

Uma animação muito bem feita, alta qualidade, desenhos e traços muito bonitos, mas ainda é da Disney, que é (uma péssima) formadora de opinião infantil e precisa vender um bom desenho animado para as crianças, então mantém todo o clichê de suas criações anteriores com princesas e príncipes encantados.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Corpo Feminino

Nu Feminino de Robert Mapplethorpe, 1987

*Esse texto eu fiz para um curso de extensão de consciência corporal (2009 e 2010) e decidi publicar aqui*

Durante o Feudalismo, a mulher era apenas parte da propriedade masculina, até seu casamento era propriedade de seu pai, que em seu casamento a vendia a um homem que se transformaria em seu marido. É claro que haviam algumas mulheres que viviam com certos privilégios, mas mesmo essas eram propriedade dos homens. Pensemos no corpo feminino como um móvel da casa do camponês ou do nobre, quanto mais rico o dono mais bem cuidada ela era. Nessa época a Igreja Católica, considerava a mulher como a tentação, muito bem mostrado no livro O Nome da Rosa1.
O Feudalismo começa a entrar em decadência por volta do século XV ou XVI, nessa época o Renascimento está bem estruturado na Europa e começam as navegações pelos demais continentes. Nesse momento entram em cena outros corpos femininos, corpos de indígenas americanas e africanas, que sofriam violência sexual de navegadores europeus, se uma européia já era vista como objeto, mesmo sendo batizada e visitando a igreja, imagine como seriam vistas mulheres “sem alma”. Nessa mesma época, a Europa passava por uma grande mudança, o antropocentrismo começava a tomar conta, Deus já não era tão importante quanto o homem. Assim, começam pesquisas a procura de ciências novas e para retomar as antigas ciências gregas. No início da Reforma Protestante algumas mulheres começam a se fazer notar em cortes européias. A Rainha Virgem foi uma das grandes mulheres dessa época: Elizabeth foi a primeira herdeira mulher do trono inglês que não casou-se, morrendo sem herdeiro.
Também entre os séculos XV e XVI, começou o Tribunal de Ofício, a Inquisição, onde muitos cientistas e mulheres foram queimados acusados de bruxaria. Uma dessas mulheres, foi Joana d'Arc que lutou ao lado dos soldados de França contra os ingleses, queimada na fogueira por bruxaria, sendo vista como tal até o final do século XIX. Seu corpo foi queimado em praça pública pois Joana afirmava ouvir vozes de santos, que o Tribunal acreditava serem vozes demoníacas. Após dar a vitória a França e ser esquecida por séculos, ou apenas lembrada como bruxa, no século XX foi beatificada, se transformando na santa padroeira da França.
Com isso chegamos a Idade Moderna, ao início da Revolução Industrial, onde mulheres, homens e crianças de classe baixa eram vistos como simples força de trabalho, com vida quase escrava. Nesse momento a diferença entre homens e mulheres era exatamente o desrespeito sofrido pelas mulheres em casa e nas fábricas, sofrendo abusos, espancamentos, isso sem contar o salário mais baixo. Apesar de também trabalhar, a mulher ainda era propriedade do homem, então nesse momento o corpo feminino se transformou em propriedade de seu marido ou pai e de qualquer homem que estivesse acima dela no seu trabalho operário, sendo submetida a regras rigorosas e a abusos de seus chefes e colegas de trabalho. Contudo, as mulheres eram em maior quantidade no trabalho das fábricas e nesse momento a mulher era vista como um homem imperfeito, e por sua imperfeição era inferior ao homem, sem direitos de cidadão, sem muita liberdade. Nessa época a mulher tinha de ser desprovida de qualquer traço de feminilidade e sedução, mantendo a sexualidade feminina como um tabú. Para ser uma mulher correta precisaria ser mãe e esposa, sem qualquer manifestação de desejo sexual. Com isso muitas mulheres passaram a utilizar seu corpo para realizar os desejos dos maridos que tinham esposas corretas como mandava o figurino. De certa forma, se não existisse a esposa correta não existiria a prostituta e vice e versa.
No século XIX, algumas mulheres começaram a se reunir para reivindicar direitos que os homens tinham mas não eram dados as mulheres. De início foi a busca por votos, acreditava-se que esse direito abriria portas a outros direitos, mas após conseguir o direito ao voto, as lutas começaram a esfriar e diminuiram aos poucos. Enquanto isso o corpo feminino se manteve como propriedade dos homens.
Foi no século XX que as revoluções voltaram a tomar mais força, foi na década de 30 e 40 que os países socialistas e capitalistas começaram a absorver as reivindicações femininas, dando as mulheres mais um pouco de individualidade, durante a Segunda Guerra as mulheres voltaram a ter força e voz trabalhando fora de casa, para manter a economia mundial funcionando enquanto seus maridos lutavam por seus países. Com o término da guerra, tudo voltou a ser como era antes, mulheres como donas de casa, propriedades de seus maridos ou pais. Com a década de 60 veio a luta pela liberdade sexual, começando assim a luta pela liberdade e autoridade da mulher sobre o seu corpo. O movimento Hippie que reivindicava paz e liberdade de expressão ajudou muito nas lutas feministas, essa revolução é considerada como a segunda revolução feminista da história do mundo ocidental. A terceira revolução feminista foi na década de 90, onde aumentaram as conquistas. Aqui no Brasil, as mulheres passaram a poder acusar seus maridos de estupro: o que era uma obrigação da mulher para seu marido virou uma decisão de ambos, escolha do casal e não mais do homem. Também foi tirado de nosso código civil o direito do marido de devolver a esposa se ela não tiver casado virgem, ou seja, a mulher deixou de ser aos olhos da lei um objeto do homem, tendo direito de escolher o que fazer com seu próprio corpo.
O direito ao voto, ao divórcio, liberdade sobre suas decisões, direito a estudar, de trabalhar, o salário quase igual ao dos homens, uso de contraceptivos e em alguns países a liberdade de decidir interromper a gravidez. Essas conquistas deram uma grande liberdade da mulher sobre o seu próprio corpo e criou uma outra escravidão: a obrigação de se libertar de tabús.
As mais novas gerações femininas podem usufruir de seu próprio corpo, podem se dar o direito de sentir prazer, de viver como desejam, mas junto dessa liberdade corporal veio uma prisão, essa obrigação de ser livre, ter pensamentos avançados e fazer o que todos fazem. Muitas meninas e mulheres acabam se sentindo pressionadas a fazer com seu corpo o que os outros dizem certo. Viramos escravas da liberdade do nosso corpo, nos transformamos em mulheres que não podem desejar filhos, casamento ou viver uma vida sem excessos, afinal, agora podemos fazer tudo que não podíamos.
Esse é o meu questionamento: o corpo feminino realmente está liberado, ou a liberdade criada pelas mulheres saiu de controle e se transformou novamente em prisão, sem direito a escolhas diferentes das escolhas vistas como certas pelas demais mulheres? Fazer valer as conquistas que ganhamos em anos de luta não é se forçar a agir da forma que não queremos. As mulheres ganharam o direito de escolher o que fazer da sua vida, não obrigadas a mudar de prisão. As mulheres continuam presas, só mudaram as algemas.

Bibliografia:
1 ECO, Umberto 1980, Il nome della rosa tradução por Maria Celeste Pinto, Círculo de Leitores

Cinema Paradiso


Esse filme de certa forma faz parte da minha vida, desde criança assisto esse filme, mas nunca tinha assistido com um olhar mais crítico. É um filme muito triste, com certeza.

A história de um menino italiano chamado Salvatore, que vive numa vila pequena na Sicilia, sua família era constituída por sua mãe e irmã mais nova, seu pai morreu na guerra. Esse filme conta sua história de amor com o cinema, desde novinho, ele se mostra interessado e deslumbrado pelo cinema da vila. Onde vive um senhor chamado Alfredo que, de início o afugenta, afinal, aquilo não é coisa para criança. Mas com todas as brigas da mãe dele e de alfredo, ele se mantém indo a esse teatro todos os dias. Num incendio no cinema, Alfredo fica cego, e como Salvatore, apesar da idade, tem muito conhecimento, por viver lá observando o que Afredo fazia, ele acaba ganhando o emprego de Alfredo. Isso aumenta os laços que Salvatore tem com Alfredo e o cinema.

Salvatore cresce dentro do cinema e no momento em que se vai da vila, Alfredo o pede para nunca mais voltar. Então, chegamos ao momento em que começa o filme, Alfredo morre e o chamam para ir ao seu enterro.

O filme é inteiro uma lembrança de Salvatore, que guarda dentro de si um grande amor e apreço por Alfredo e pela vila, mas seguiu o conselho de Alfredo de nunca mais voltar aquela vila e viver sua vida, esquecendo de tudo que existia nessa vila.

A trilha sonora se encaixa perfeitamente e a fotografia do filme é muito bem feita. O filme tem uma carga emocional enorme e conta de forma muito impecável a história da vida de um cineasta que sempre amou o cinema desde criança.

Mulher e arte - Guerrilla Girls


A arte, como todas as outras manifestações humanas de longas datas, é um território masculino e misogino.
Quando comecei a estudar arte contemporanea, conheci um movimento de guerrilha feminista que reinvindicava a entrada das mulheres em exposições, museus e salões de artes: O Gerrilla Girls. Nós, eu e o movimento, nascemos no mesmo ano em 1985.
Com máscaras de macacos e nomes de mulheres artistas que já morreram, as performers e artistas desse movimento mostram com imagens humorísticas e chocantes o machismo, o racismo e a corrupção. Elas mostram de forma escancarada tudo que não vemos por estar nas entrelinhas, distorcendo os fatos para que o espectador possa ver de uma nova forma e, quem sabe, mudar de opinião.
A primeira imagem que vi dessas mulheres foi um outdoor que perguntava: "Nós precisamos ficar peladas para aparecer no Met. Museum?", denunciando uma porcentagem assustadora - onde 3% dos artistas no Museu Metropolitan de NY são mulheres e 83% dos nús são femininos!
O trabalho dessas mulheres ainda não terminou, na sua visita em dezembro de 2010 ao Brasil, Frida Kahlo e Käthe Kollwitz contam que o feminismo tem mudado a vida das mulheres em todo mundo, mas ainda é a passos vagarosos na maioria dos lugares.
Confesso que o trabalho dessas mulheres me transformou, finalmente entendi o que era ativismo no meio artístico, e quis fazer parte desse ativismo, lutar pelo que acredito!

Se estiverem interessados em mais informações, entrem no site: www.guerillagirls.com
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